domingo, 31 de março de 2013

Repensando práticas e métodos


Nova Eja - Uma experiência enriquecedora


Consideramos que os jovens e adultos não concluíram os estudos em função de interdições sociais diversas que geraram seu afastamento da escola.  Entre os homens é comum o abandono da escola em decorrência da inserção precoce nos mundos do trabalho precário. Quanto às mulheres, essa mesma realidade ocorre complexificada por casos de gravidez. É comum que as mulheres abandonem a escola na adolescência em função da necessidade de “cuidar” dos seus recém-nascidos, ainda mais em uma sociedade marcada profundamente pela lógica machista. Deste modo, faz-se necessário compreender as temporalidades diversas próprias de cada grupo dos sujeitos acima especificados, no que tange a procura pela “escola”.
Quando nos referimos aos sujeitos integrantes da Educação de Jovens e Adultos, temos uma grande particularidade em evidência, a pluralidade de todos os envolvidos nesse processo educativo. Assim, como os/as estudantes, os/as professores possuem suas especificidades, práticas pedagógicas e sociais, todas relevantes para a construção de uma proposta para essa modalidade tão diversificada.
Considerando as especificidades da EJA, paradigmas próprios do nível regular de ensino fundamental e médio devem ser abandonados e novas concepções devem ser construídas, analisadas e praticadas.  Entendemos que a EJA requer a constituição de um grupo de professores e professoras com um perfil específico. Profissionais com sensibilidade e conhecimento do mundo jovem e adulto, de sua cultura e de suas formas de inserção nos mundos do trabalho.  Essa necessidade se torna ainda maior quando se propõe um projeto cuja base é o trabalho de equipe, que não se organiza por disciplinas estanques. Essa proposta exige professores e professoras dispostos a uma postura de igualdade e de solidariedade entre os participantes do projeto. A identidade dos professores e professoras, sua inserção política, sua experiência pedagógica, suas habilidades específicas são dimensões que se expressam no cotidiano da prática educativa. É importante que a heterogeneidade possa dialogar almejando à expressão e à vivência de valores éticos na construção conjunta de novos conhecimentos e saberes.
Jovens e adultos são desafiados a reconhecer e nomear os saberes por eles produzidos nas várias esferas da vida. Ao propor o reconhecimento dos saberes da experiência, consideramos a distinção entre conhecimento – produto formalizado de acordo com os cânones acadêmicos, reconhecido e valorizado socialmente – e saber – produzido pelos sujeitos na experiência, não adquire a formalização que confere o reconhecimento social. O desafio é então pronunciar o saber que emerge da experiência, do trabalho e da cultura para causar a reflexão sobre esses saberes.
A proposta metodológica precisa propiciar que os/as participantes da EJA estabeleçam entre si relações horizontalizadas e de confiança, vivenciando situações propícias para a formulação de perguntas, o exercício amplo da fala, as trocas de experiências e a produção e socialização de novos saberes e conhecimentos. Assim, a interação entre sujeitos, o respeito às identidades e a alteração das relações de poder se constituem em elementos fundamentais para a produção do conhecimento. 

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